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Alvas Palavras
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Viniciar
V
inicius de Moraes
I
nquieto poeta
N
a bossa renovais
I
ndelével a meta
C
antar sempre, e jamais
I
nsistir em ter medo
A
mar cada vez mais
R
ir de si em segredo
(Clara Marinho)
Propósito
De propósito pus seu nome lá dentro
E não arranco mais
Esqueci de contar o “por cento”
E já não cabem os ais
Pra que tanto tormento
Se já mando no espaço
Desde tempos atrás
Sem propósito soltei o nome no vento
E cuidei não achar mais
O peito reclamou o talento
E o tempo de volta me traz
(Clara Marinho)
Ciranda dos sexos
Meninas
dançam
Meninos
sapateiam
Meninas trançam
Meninos só penteiam
Meninas choram
Meninos escamoteiam
Meninas dão à luz
Meninos só semeiam
Meninas amam
Meninos
?
(Clara Marinho)
Constatação
Ao cupido inútil
Que poupou uma das flechas
Assino a demissão
Ao coração fútil
Que traz noites tão perplexas
Abro o alçapão
Ao destino sútil
Que une tantas pechas
Digo o meu não!
(Clara Marinho)
À Paula Tavares
Relaxem-nos
Mães africanas
Que por aqui
Temos mãe única
E ela precisa de nós
Untem-nos
Mães angolanas
Que ao coração
Temos túnica
De dor e de “dós”
Curem-na
Mães de outras anas
Que sem Fortaleza
Persiste a fé púnica
De sermos tão sós
(Clara Marinho)
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Clara Marinho
Redatora, cantora e atriz. Amo o que faço, sou o que quis.
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