quarta-feira, 20 de junho de 2012

Lem...bra?

Se a lembrança tivesse sobrenome
Seria Perseguição
Abriria-lhe um inquérito
Para maior investigação
Quem perde noites de sono
Sabe do que estou a dizer
E se ela nos atrasa a vida
O que se há de fazer
Lembrança vem no cheiro
No gosto, na imagem
De outro tempo, a mensagem
Pedindo para entrar
Escolho dar-lhe as boas-vindas
Permitindo-a me empurrar
Àquele poço sem volta
Um passado a se afogar.
Àquele mar sem cabelos
Para não me segurar.
E me perco lembrando
Lembrando e a vagar.

(Clara Marinho)


Semiótica Tensiva e Amor


Quero a tonicidade do amor da vida
O andamento acelerado das batidas
Para findar o suspense, quero
Que a exacerbação vença a atenuação
Espero!
Quero o Acontecimento
Quero a Iconização
Não quero "paz" no coração.


(Clara Marinho)



Atrás da porta

Tenho medo da instabilidade da vida
De tanta surpresa malvadinha
Por isso, eu quero fazer
Como a criança que aperta a campainha
E sai correndo pra ninguém ver.
Quero dizer uma frase a você
E depois colocar as mãozinhas nos olhos
E me esconder, até me achar
Quando for a sua hora.

(Clara Marinho)


alma

 Nova fase, adormeço
Liberdade não tem preço
O santo que não conheço
Traduz ao Santo um apreço
Novo e contundente, pois mereço.

Dignidade ativada com sucesso
Silêncio efetivado, e não meço
A dor que deveria sentir, apenas peço
Que voe alto, ou arremesso
Minha saudosa alma, ou tropeço.

                                 (Clara Marinho)