domingo, 28 de março de 2010
Tudo ao seu tempo
Compreendo tudo
Até que o tempo precisa
Simplesmente passar
Maturidade não me falta
Aliás, o juízo está-me a sobrar
Vivo a guilhotinar palavras
A por a máscara escura
A censurar-me em vez de me jogar
Quantos pontos se contam, aí, à virtude
Ao defeito, quantos se dão a somar
Que merecer há em mim desse amor
Ah! Ele também deve ser passível disso
Haverá, depois, o que hoje cabe ao tempo segurar
Ou o mesmo mestre tempo dar-se-á
O direito de tudo modificar
Não sei, ninguém sabe
"Futurismo" nunca é às claras
A mim, resta mesmo esperar
Nessa brincadeira, vou crescendo
E desenvolvo da paciência o praticar
(Clara Marinho)
sábado, 20 de março de 2010
Sonho
Sorria, com o olhar de sempre
Mas a voz me disse: "Vai se matar!"
Busquei pela mão a culpada
E ela não quis ajudar
Corri, num precipício parei
Ao fundo das águas sombrias
Com toda coragem voei
Rostos, antes belos, tão tortos
Erguia-os todos com pavor
Em meio a tantos já mortos
Pálido estava meu senhor
Minhas asas acima nos levaram
E em meu colo rejuveneceu
Seus olhinhos tão lindos brilharam
Ele sabia que era eu
Em mãos de uma humilde senhora
O pequeno amado entreguei
Dizendo voltar outrora
E que por muito amor o salvei
Ela disse: "Vá sem demora
Ele não tarda a melhorar
Mas volte, querida nora
Um dia ele há de te amar"
(Clara Marinho)
terça-feira, 16 de março de 2010
Novas palavras
Perdi minha paz
E nada me faz cantante
Não caibo mais
Nem em mim
Tamanho amor emanante
Não sei que pedidos fazer
Nem se posso crer
Nalguma esperança
Do amor que nascera
Tão puro e sincero
Como uma criança
Amo sem querer dizer
Da proporção que isso tomou
E nada se há de fazer
Se o tempo de asas
Pra longe o levou
Vejo sorrisos, cuido felicidade
O amor encontrou alegria
De cura leve em “longevidade”
Tão pouco pensou que se ergueria
Vivo e jejuo a expressão do amar
Sigo a acautelar o sentimento
Não mais me deixo chorar
Não me permito o tormento
Senhora de meus anseios
Patrona de minhas sandálias
Enredo meus devaneios
Pincelo as didascálias
(Clara Marinho)
terça-feira, 9 de março de 2010
Vida
Em tempos em que o mundo é cruel
Em que os homens só têm provado do fel
Com a amargura da guerra
E a busca incessante pela escondida paz
Há a esperança
Em cada simples lembrança do puro sentimento
Em viver intenso o momento
Com quem se compartilha o mero esquecimento
Do tormento que lá fora existe
Fora de si, de mim, de cada pessoa de bem
De cada novo ser que vai, que vem
De todo aquele que mereça o que tem
O que de mais importante persiste
Existe para nós, para cada dois
Insiste o amor
(Clara Marinho)
Estilo Português
Rosas venham alegrar-me
Venham todas, por favor
E devolvam-me o amor
Lindas rosas, como quero
Em meus lábios sua cor
Meu vestido em renda leve
Toque as mãos do meu senhor
(Clara Marinho)
Foto: Êmile Marinho
Estremar
Procuro estrelas do mar
Encontro ouriços irregulares
Passeio pela praia do Sul
Penso que nos separam tantos mares
E no fundo do mar encontramos
Sua majestade, a estrela
Tímida e pequenina
Rubra, a bela menina
Encanto silencioso
Prova do afeto jocoso
Love starfish, brasileira,
Amor de estrela
(Clara Marinho)
Acredite
É errôneo pensar nas pessoas com sentimento de posse. Não te quero para mim, ao meu lado, sim. Andando cada um com suas pernas, mas com a eterna chance de apoiar-se no outro quando da necessidade. Amo com o desejo de ser companheira, amiga e merecedora da reciprocidade do respeito. Haverá, vejo em meus sonhos, sinceridade. Jamais se levantará uma voz sobre a outra, seja exceção algum perigo eminente. Assim seja e mais.
(Clara Marinho)
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